Uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelou que, no primeiro semestre deste ano, a maioria das greves realizadas pelos trabalhadores brasileiros teve como objetivo evitar a perda de direitos já conquistados. Segundo o estudo, 451 greves foram registradas no período, sendo que 55% delas foram promovidas por servidores públicos. Juntas, as paralisações somaram quase 18 mil horas. Reajustes salariais (43%) e melhoria das condições de trabalho (33%) foram as principais pautas reivindicadas, seguidas por demandas relacionadas ao investimento e à administração dos serviços públicos (24%).
Das greves analisadas, 29% tiveram informações detalhadas sobre seus desfechos. Em dois terços desses casos (67%), os trabalhadores conquistaram ao menos parte de suas demandas, destacando a importância da mobilização coletiva. O estudo também classificou os movimentos grevistas por caráter: as greves propositivas, voltadas para novas conquistas; as defensivas, que buscam preservar direitos e condições de trabalho; e as de protesto ou solidariedade, que ultrapassam as relações de trabalho ou apoiam mobilizações de outras categorias. Notavelmente, itens de caráter defensivo apareceram em 80% das greves, com 56% delas sendo motivadas pela manutenção das condições vigentes de trabalho.
Os dados são parte do Sistema de Acompanhamento de Greves (SAG-Dieese), uma base que reúne informações sobre mobilizações realizadas por trabalhadores brasileiros desde 1978, atualmente com mais de 40 mil registros. As informações são extraídas de veículos da grande mídia e da imprensa sindical, oferecendo um panorama abrangente sobre as ações de resistência e luta da classe trabalhadora ao longo das décadas.