
As desigualdades de gênero e raça seguem estruturando de forma contundente a realidade das mulheres negras no mercado de trabalho brasileiro. Segundo o boletim especial do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgado no Dia da Consciência Negra (20/11), os dados revelam um cenário persistente de sobrecarga, baixa remuneração e barreiras históricas para ascensão profissional. O levantamento mostra que essas mulheres, apesar de sustentarem grande parte dos lares do país, continuam sendo as mais afetadas por processos discriminatórios. Hoje, 30% dos domicílios brasileiros — cerca de 24 milhões de casas — são chefiados por mulheres negras, que enfrentam um mercado hostil e desigual, mesmo representando uma força essencial na dinâmica econômica e social do Brasil.
A desigualdade aparece de forma ainda mais evidente quando se observa o acesso ao emprego. A taxa de desocupação entre mulheres negras chega a 8%, o dobro da registrada entre homens brancos, indicando que, mesmo com avanços legislativos e maior escolarização, o racismo e o machismo estruturais continuam determinando oportunidades. E quando conseguem trabalhar, a diferença salarial expõe uma realidade ainda mais cruel. O Dieese aponta que o rendimento médio das mulheres negras é 53% menor do que o dos homens brancos — uma perda anual de mais de R$ 30 mil. Entre profissionais de ensino superior, o cenário se agrava: a diferença chega a R$ 58 mil por ano, evidenciando que a qualificação não tem sido suficiente para superar as barreiras impostas pelo racismo e pelo sexismo.
Para a presidenta do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Canindé (SINDSEC), Regina Lemos, os dados reforçam a urgência de enfrentar as desigualdades com firmeza e com políticas públicas efetivas.
“As mulheres negras sempre estiveram na linha de frente, tanto no serviço público quanto na sociedade. Mas são elas que mais sofrem com o peso das desigualdades. Esses números mostram que o racismo e o machismo seguem moldando a realidade de forma violenta. Precisamos transformar essa indignação em luta organizada, cobrando do poder público ações concretas e garantindo que o serviço público seja um espaço de valorização, respeito e oportunidades para todas”, afirmou.
Regina reforça que o SINDSEC seguirá comprometido com o combate às desigualdades que atingem mulheres negras, defendendo um serviço público que promova justiça, equidade e dignidade para quem o constrói diariamente.







