O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou na última sexta-feira (7) um boletim especial sobre as mulheres, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março. O documento destaca que, embora o crescimento econômico do país tenha impulsionado o mercado de trabalho, as desigualdades de gênero persistem. O Produto Interno Bruto (PIB) registrou um avanço de 3,5% e resultou na criação de 1,7 milhão de empregos formais, além da queda do desemprego e do aumento recorde da massa salarial. No entanto, esses avanços não foram suficientes para reduzir a disparidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
As mulheres continuam enfrentando as maiores taxas de desemprego, salários mais baixos e a sobrecarga do trabalho doméstico e de cuidados, muitas vezes exercido de forma não remunerada dentro e fora de casa. Mesmo com esses desafios, desde 2022, elas assumiram a liderança na chefia dos lares brasileiros, sendo responsáveis financeiramente por 52% dos domicílios. Nos lares monoparentais, essa realidade é ainda mais expressiva: em 92% dos casos, a figura materna é a única responsável pelo sustento da família.
A dificuldade de inserção no mercado de trabalho é refletida nos índices de desemprego. No período analisado, 3,7 milhões de mulheres estavam desocupadas, o que representa uma taxa de 7,7%, contra 5,3% entre os homens. Além disso, a desigualdade salarial continua sendo um entrave significativo. Em média, as mulheres receberam R$ 762 a menos que os homens, o que representa uma diferença de cerca de 22%.
Os dados foram levantados a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao terceiro trimestre de 2024. O boletim também apresenta um comparativo do tempo dedicado a afazeres domésticos entre homens e mulheres e traz uma análise das cláusulas de gênero negociadas em acordos trabalhistas no ano de 2023, com base no Sistema Mediador.