A precarização do trabalho no serviço público municipal segue avançando no Brasil. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 20% dos trabalhadores contratados pelas prefeituras não possuem vínculo efetivo. Isso significa que um em cada cinco servidores municipais atua de forma temporária, sem estabilidade nem os direitos assegurados aos concursados. Entre 2013 e 2023, o número de vínculos precários cresceu 52,5%, atingindo o maior patamar da última década.
Esse cenário revela um desmonte silencioso das carreiras públicas. Na prática, muitos desses contratos temporários são renovados sucessivamente, substituindo os concursos por formas de contratação que comprometem os direitos trabalhistas. A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam) tem alertado para o risco de institucionalização da precarização, que enfraquece o funcionalismo e prejudica a continuidade e a qualidade dos serviços ofertados à população.
Em Canindé, essa realidade não é diferente. O último concurso público realizado no município aconteceu em 2018, e desde então há um crescimento expressivo de contratações temporárias em áreas essenciais como saúde, educação e assistência social. Para a vice-presidenta do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Canindé (SINDSEC), Aurenice Santiago, a situação é insustentável.
“É urgente a realização de um novo concurso. Temos uma quantidade significativa de aposentadorias recentes, o que escancara a necessidade de preencher essas vagas com servidores efetivos. A valorização passa também pelo ingresso legal e estável no serviço público”, reforça.
Para o SINDSEC, a defesa do concurso é também a defesa da dignidade do trabalho, do direito à estabilidade e da garantia de que a população será atendida por profissionais capacitados e comprometidos com a função pública. O sindicato segue vigilante e mobilizado pela convocação de um novo certame no município.