Na última sexta-feira (6), servidores e servidoras de Canindé foram surpreendidos ao encontrar suas contas bancárias negativadas. O motivo? A ausência de repasse dos empréstimos consignados do município ao banco, acumulando um atraso de 90 dias, período máximo estipulado no contrato. Essa prática, que transfere o ônus para os trabalhadores que já haviam efetuado os pagamentos, é classificada como apropriação indébita. “Caso o município não quite a dívida, o banco, amparado pelo contrato, cobra diretamente dos servidores, o que é uma grave irregularidade”, alertou Regina Lemos, presidenta do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Canindé (SINDSEC).
Diante da situação, o SINDSEC agiu prontamente, encaminhando um ofício à administração municipal. Em resposta, foi realizada uma reunião na quarta-feira (11), na qual representantes do governo municipal alegaram não dispor de recursos em caixa para regularizar os salários atrasados. Para Ana Célia, diretora de finanças do sindicato, a justificativa é inaceitável.
“O servidor público é o motor que mantém Canindé funcionando. Iniciar o fim de ano sem honrar os salários dessa categoria essencial é uma afronta. Muitos desses trabalhadores são os principais provedores de suas famílias, e essa situação agrava ainda mais o desrespeito”, declarou Ana, destacando o papel crucial dos servidores na construção de uma campanha salarial que reivindica dignidade e valorização.
O cenário em Canindé reflete um desmonte mais amplo do serviço público, marcado pela ausência de planejamento e gestão responsável em uma administração em transição. Esse movimento tem sido combatido pela Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce), que tem denunciado a precarização dos direitos dos trabalhadores em diversas cidades do estado. A luta contra esse desrespeito é urgente, pois envolve a sobrevivência dos servidores e a manutenção dos serviços públicos essenciais para a população.
