A análise dos reajustes salariais de janeiro, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base nos dados registrados no sistema Mediador até 3 de fevereiro, aponta um aumento expressivo no número de categorias que conquistaram ganhos reais. Segundo o levantamento, 88,2% das negociações resultaram em reajustes salariais acima da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), percentual superior ao observado no último trimestre de 2024, quando 75% das negociações tiveram aumento real. A variação média dos reajustes em janeiro foi 1,39% acima da inflação, também maior do que as médias registradas entre outubro e dezembro do ano anterior.
O principal fator que impulsionou esse resultado foi a valorização do salário mínimo, aplicada em janeiro, com ganho de 2,61% acima do INPC. Muitas categorias com data-base no primeiro mês do ano costumam ter faixas salariais próximas ao piso nacional, o que faz com que qualquer aumento no salário mínimo tenha efeito direto sobre os acordos coletivos desses trabalhadores. O reajuste do mínimo, portanto, contribuiu significativamente tanto para o crescimento do percentual de ganhos reais quanto para o aumento da variação real média.
Dos 372 reajustes analisados pelo Dieese, 6,7% ficaram exatamente no mesmo patamar da inflação e apenas 5,1% ficaram abaixo dela, tornando janeiro o segundo melhor mês dos últimos 12 em termos de ganhos reais — atrás apenas de maio de 2024. O levantamento mostra ainda uma reversão da tendência observada no fim do ano passado, indicando um cenário mais positivo para os trabalhadores. Para repor integralmente o poder de compra da data-base de janeiro de 2024, o reajuste necessário em janeiro de 2025 era de 4,77%, índice levemente inferior ao registrado em dezembro anterior. Já para fevereiro, a projeção de reajuste necessário caiu para 4,17%, o que pode favorecer as negociações salariais deste mês.